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Pele das crianças, quais cuidados devemos incentivar elas a ter desde cedo?



Ao nascer, o bebê precisa se adaptar a um ambiente drasticamente da vida intrauterina. Em comparação ao útero, a Terra é um ambiente relativamente seco e gasoso e é preciso se adaptar à nova realidade. A pele não fica de fora desse processo: este ajuste é refletido por mudanças nas funções fisiológicas e adaptação de parâmetros bioquímicos e biofísicos, como pH da superfície da pele, hidratação e imunidade inata.


Antes de qualquer coisa é importante notar que a pele de bebês é diferente da pele adulta. A principal diferença está no fato de que superfície da pele do recém-nascido não é totalmente acidificada e apresenta valores de pH elevados em comparação com a dos adultos, o que pode predispor ao desenvolvimento de dermatoses na infância.


Um processo importante nessa adaptação é a formação de manto ácido: importante para a integridade e coesão do estrato córneo, um componente-chave de uma barreira epidérmica intacta, bem como para as múltiplas funções defensivas da pele. Ou seja, o manto ácido da epiderme é necessário para regular as funções defensivas, como resistência bacteriológica, química e mecânica.


Imediatamente após o nascimento, o pH da superfície da pele está diminuindo drasticamente, o que é crucial para a maturação da barreira epidérmica e a realização de funções cutâneas protetoras versáteis. Uma variedade de fatores como idade gestacional e pós-natal, sexo e localização anatômica influenciam o desenvolvimento do pH em recém-nascidos.


De acordo com um estudo europeu, publicado em 2018, entenda como esses fatores podem influenciar o desenvolvimento do pH a seguir:

Idade gestacional

Diferentemente do esperado, não foi possível demonstrar uma correlação entre prematuridade e pH da superfície da pele tão distinta quanto para a barreira de permeabilidade. A idade gestacional não influenciou na maturação geral do pH superficial. Além disso, o desenvolvimento do "manto ácido" não pode ser distinguido daquele observado em recém-nascidos.


Idade pós-natal

O estudo consultado indica que independentemente da idade gestacional e do peso ao nascer, o pH diminui de forma abrupta nas semanas da vida pós-natal e, a seguir, de forma mais gradual no restante do período neonatal.


O valor médio do pH 6 em locais diferentes do corpo no primeiro dia de vida (recém-nascido) passou  para 7,08, sendo significativamente elevado em comparação com controles adultos. No dia seguinte, uma diminuição no pH da superfície já era notável, mas ainda significativamente maior do que em adultos. A redução do pH dos dias 3 a 30 do período neonatal foi mais proeminente na região volar do antebraço em comparação com a testa, bochecha e nádegas. Os valores de pH permaneceram estáveis ​​mais tarde na infância.


Localização Anatômica

A avaliação da pele dos bebês nos primeiros meses de vida demonstrou que no dia 90 após o nascimento o pH é mais alto na bochecha e nádegas e mais baixo na testa e antebraço. Assim, fatores exógenos, por exemplo, a influência de fatores climáticos e oclusão da fralda podem influenciar as diferenças de pH observadas com as variações do sítio anatômico. Tanto que, no dado relatado anteriormente, a conclusão é que a diminuição do pH no período neonatal foi impedida ou retardada no local da pele com a fralda.


Diferenças semelhantes foram relatadas mais tarde na infância (8–24 meses) com valores de pH significativamente mais altos nas nádegas versus pele volar do antebraço.


Diferenças de género

A influência do gênero na acidez da superfície da pele é controversa. Os primeiros estudos em recém-nascidos descobriram que as mulheres têm valores de pH mais elevados do que os homens. Por outro lado, em recém-nascidos de muito baixo peso, o pH da superfície é mais alto no sexo masculino do que no feminino.


Outros autores não puderam confirmar as diferenças de gênero no pH da superfície, nem em recém-nascidos, nem posteriormente na infância.


Então, o pediatra ou o dermatologista podem indicar a frequência dos banhos no RN, os produtos que podem ser utilizados, para não afetar essa transformação necessária da pele para que o bebê e a criança tenham proteção e saúde na pele.


Fonte: Fluhr, J. W., & Darlenski, R. (2018). Skin Surface pH in Newborns: Origin and Consequences. Current Problems in Dermatology, 26–32.

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